O curador e crítico de arte, Fernando Cocchiarale nos dá uma indicação quando diz que habituamos a pensar a arte como algo muito diferente da vida, dela separada pela moldura e pelo pedestal. Assim, a ideia de uma arte que se confunda com a existência torna-se difícil de assimilar porque temos nosso repertório formado por traços, muitos deles conservadores.
Arte contemporânea é emoção, sentimento, dança de olhares e sentidos os quais não participamos sozinhos. Diante dela corremos os mesmos riscos que estamos sujeitos ao viver. Talvez isso justifique tanto receio sobre ela.
Marcada pela liberdade de criar, quebrar padrões, representar, propor situações pelo uso das novas tecnologias, pesquisa e novas formas de pensar; ela é a arte do nosso tempo. Novas linguagens artísticas são desenvolvidas – instalação, fotografia, videoarte, holografia, som, computador, videoinstalação, body art, arte digital, performance, arte eletrônica, web Arte, cinema, entre outras. É a arte que se aproxima da vida. Nela tudo pode ser incorporado. Somos convidados e provocados às mais variadas reflexões. O artista se torna um propositor de experiências e ideias, além de ser um criador.
A característica da arte contemporânea é a multiplicidade de expressões, integrando-se à ironia, estética, política, às sensações, percepções e até ao próprio corpo; tudo pode ser material artístico, que varia da tinta à palavra, da pedra ao movimento e incorporam em diferentes momentos, todo o tipo de fenômeno biológico, químico ou físico. Na Arte contemporânea o espectador deixa de ser um contemplador passivo do estético para se tornar um agente participante, um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a obra só se realiza na sua presença e com a sua participação.
A pluralidade permite uma multiplicidade nunca vista antes nesse campo. Isso nos leva a pensar no “deixar surgir” que baliza as manifestações contemporâneas. Vale dizer que “deixar surgir” não despreza um amplo e sólido conhecimento. A criatividade necessita estar aliada à habilidade, ou seja, não basta fazer, é preciso fazer juntando intenção e ação ao talento, balizar o conceito.
A arte não precisa mais ser eterna, nem feita para perdurar. O efêmero, o momento, a passagem do tempo; marcam boa parte das obras. Se refletirmos sobre a efemeridade da vida em nós, o que temos? Nada mais difícil do que pensar sobre isso e nada mais certo que isso. Arte é vida? Vida é arte? Obras efêmeras são criadas fazendo-nos pensar sobre o conceito de obra-prima, aquelas que permanecem. Obras que se consomem no tempo, como as performances, prosseguem apenas nos registros - fotografia ou vídeo. Estes tomam seu lugar como agentes nos espaços expositivos.
Arte contemporânea às vezes instiga, às vezes aflige, às vezes agrada... ou não. No entanto, nunca deixará de ser original e criativa.
No próximo falarei sobre fotografia como meio de arte.
Até lá!
Por Vanessa CTReis
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